Crítica: Sin City: A Dama Fatal



Quase dez anos separam os dois filmes sobre Sin City. O hiato deu-se, principalmente, por problemas legais, visto que o primeiro projeto foi um sucesso de público e crítica. Com o lançamento de "A Dama Fatal", as comparações são inevitáveis. Se ambos relatam histórias de personagens marginalizados como prostitutas, bêbados e criminosos, diferem no teor e na qualidade dos contos.

Enquanto a estreia de "Sin City", em 2005, apresentava um conjunto coeso de histórias, sendo as três excelentes tramas sobre as figuras mais icônicas da graphic novel, "A Dama Fatal" oscila com tramas mais e menos interessantes, sem manter um ritmo crescente. A abertura com uma fantástica apresentação de Marv oferece todo o impacto proposto pela produção que imita os quadrinhos. Porém, essa prévia logo é esquecida, deixando o brutamontes como um coadjuvante nos enredos protagonizados por outros personagens.

Assim, ele junta-se à narrativa que envolve Dwight (Josh Brolin, substituindo Clive Owen) e sua femme fatale Ava Lord, interpretada por Eva Green, no trecho que ocupa a maior parte da exibição. O ponto alto é a beleza nua da atriz francesa, que se despe praticamente a cada cena, o que faz sentido para uma personagem que a todo momento utiliza a sua principal arma de sedução. Infelizmente o conto que dá nome ao filme não é o melhor em tela. Cai facilmente em clichês estúpidos e numa previsibilidade banal.

Em contrapartida, a trama protagonizada pelo jovem apostador Johnny (Joseph Gordon Levitt, estreando na série) revela-se a mais completa e semelhante à primeira experiência em Sin City. Sua jornada trágica e violenta apresenta, mesmo que em dois momentos, no início e no fim da exibição, a verdadeira face de uma brutal cidade que não poupa ninguém.

Completando a trinca, Nancy (Jessica Alba, em danças ainda mais sensuais) encerra o longa-metragem com uma breve tentativa de vingança ao senador Roark, culpado pela morte de sua paixão John Hartigan (Bruce Willis, em pequenas aparições como fantasma). Os rápidos minutos oferecem a adrenalina necessária, mas a agilidade em conduzir a tão esperada revanche soa simplista demais.

Apesar de deixar a desejar em roteiro, o visual deslumbrante desta suposta continuação recompensa, principalmente quando exibido no cinema. A tecnologia 3D, como em raras vezes, surpreende, não tanto pelos elementos saírem da tela mas pela profundidade e dinâmica no quadro. Logo no início do filme, sequências incríveis como de um desfiladeiro, carros girando em torno de Marv ou a neve caindo sob os prédios são de arregalar os olhos.

"Sin City: A Dama Fatal" pode não ser tão incrível e original como o primeiro projeto, mas a cidade e os soturnos moradores ainda seguem fascinantes. Suas histórias marginais, motivadas principalmente pela sede de vingança, ainda são um presente para os fãs da graphic novel e, também, do cinema noir, gênero esquecido na produção cinematográfica mais recente. Embora o passeio não apresente o mesmo frescor de antes, ainda é muito bom visitar a cidade do pecado.

Nota: 7,8

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