Crítica: Até a Eternidade


Os maiores atores franceses da atualidade estão reunidos na produção “Até a Eternidade”, de Guillaume Canet, sobre um grupo de amigos que passam as férias em uma casa da praia. Marion Cotillard, François Cluzet, Gilles Lellouche e o vencedor do Oscar por “O Artista”, Jean Dujardin, integram o excepcional elenco. A produção de 2010 foi um dos principais sucessos de bilheteria dos últimos anos na França, com arrecadação de 44 milhões de dólares, e, após dois anos de atraso, finalmente chega ao circuito brasileiro. Um filme envolvente que trata de forma sincera e verdadeira diferentes assuntos, como relacionamento, homossexualidade, casamento, morte e, claro, amizade.

Na trama, um grupo de adultos formado por homens e mulheres entre 30 e 50 anos encontra-se anualmente na casa de veraneio do anfitrião Max (Cluzet). O encontro é um ritual para esses companheiros de longa data. Porém, desta vez, a viagem tem um gosto amargo: um dos companheiros, Ludo (Dujardin), sofre um acidente de moto e vai para o hospital em estado grave. Mesmo com a fatalidade, o grupo decide manter a reunião de férias sem a presença do amigo. Entre almoços, passeios de barco, partidas de futebol, jantares e conversas íntimas, segredos e mentiras que contam entre si acabarão sendo revelados. E, num último estágio, a indiferença ou a impotência quanto ao ocorrido com Ludo será colocada à prova.

O maior mérito de “Até a Eternidade” é a sólida construção de personagens, que faz as duas horas e meia de duração passarem sem que se perceba. São figuras bem definidas, com personalidades desenvolvidas com precisão a ponto de o espectador esperar a exata reação de cada um deles perante os fatos. Essa característica deve ser atribuída a Canet, que, além da direção, assina o roteiro. Talvez seja por isso que a personagem feminina de maior destaque ficou a cargo de sua esposa, Marion Cotillard – sempre competente em cena.

Inevitavelmente, o filme é comparado ao clássico “O Reencontro”, longa-metragem de 1983 que reúne um grupo de amigos no funeral de um deles. O título concentra grandes astros americanos: Kevin Kline, Glen Close, Tom Berenger, William Hurt e Jeff Goldbum. Canet assume sua inspiração no passado e sai vitorioso por conseguir criar um projeto próprio. Atualiza os conflitos para os dias de hoje, como quando introduz a história de Vicent (Benoît Magimel), casado e pai de dois filhos, que passa a sentir atração pelo amigo Max. Aliás, esta é uma das mais emocionantes narrativas que integram o filme.

A trilha sonora de “Até a Eternidade” merece um destaque em especial - semelhança que também divide com “O Reencontro”. Uma seleção de sucessos de Janis Joplin, David Bowie, The Isley Brothers, The Band, Damien Rice, Ben Harper e Jet embala as cenas dos amigos franceses. E nesse decorrer de situações casuais, a produção faz rir e chorar com a mesma intensidade. Apesar de se basear em alguns clichês e ter um jeitão de novela, consegue capturar o espectador desde a primeira cena, com um belo plano sequência. Ao final, é difícil se despedir do convívio com personagens que se tornam tão familiares.

Nota: 8

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