Crítica: Moonrise Kingdom


O novo filme de Wes Anderson segue a mesma e deliciosa cartilha utilizada em "Os Excêntricos Tenembaums", "A Vida Marinha com Steve Zissou", "Viagem a Darjeeling" e "O Fantástico Sr. Raposo". Os quatro são considerados “filmes de diretor”, em que o cineasta imprime uma marca própria e inconfundível. Na elaboração de seus projetos, Anderson costuma utilizar como figuras centrais pessoas esquisitas, desajustados sociais, fracassados. Para constituir esse universo geralmente melancólico, introduz uma fotografia que abusa da paleta de cores e aposta em trilha sonora composta por faixas dos anos 1960 e 1970. O cinema de Anderson permanece peculiar em "Moonrise Kingdom", produção em tom de fábula infantil sobre o primeiro amor.

A história se passa em 1965, em uma ilha da costa da Nova Inglaterra, onde dois jovens de 12 anos, Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward), se apaixonam. O casal decide fugir. Enquanto se aventuram vivendo na floresta, autoridades locais tentam localizar as crianças que sumiram. O filme consegue ir além da destemida fuga dos enamorados e apresenta surpresas para o seu segundo ato. Grande elenco integra o projeto: Bill Muray e Frances McDormand interpretam os pais de Suzy, Bruce Willis é o xerife que comanda as buscas, Edward Norton atua como o chefe do grupo de escoteiros e Tilda Swinton assume como a assistente social. Ainda tem participações especiais de Harvey Keitel e Jason Schwartzman.

Apesar de tantos astros na produção, os protagonistas são os estreantes Gilman e Hayward, totalmente encantadores como o jovem casal. Eles são os responsáveis por apresentar uma visão inocente e pura sobre o amor. Através desse delicado universo, o diretor proporciona um retrato sobre o período entre a infância e a adolescência, utilizando como metáfora o fato de estarem isolados em uma ilha. E, em cada frame, imprime sua plasticidade sedutora e particular, transformando o filme em uma peça gráfica de um charme estético irresistível.

"Moonrise Kingdom" é uma história de amor infantil que vai do triste ao engraçado, da aventura ao drama, do romântico ao esquisito. Entre seus acertos, cabe destacar a aposta em uma fórmula mais doce do que o habitual gosto pelo azedo do diretor. Com uma carreira de sucesso, de inúmeros elogios por onde é exibido, o filme apresenta-se como um forte concorrente ao Oscar 2013. Sem dúvidas, é uma obra de arte apaixonante, que resgata um espírito de aventura juvenil e a poesia do primeiro amor. Deve se tornar o principal projeto de Anderson a ser lembrado no futuro.

Nota: 8,4

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