A Entidade



“Eu tenho um ótimo pressentimento sobre isso”, fala o escritor Ellison Oswalt (Ethan Hawke) para esposa, quando muda-se de cidade para escrever sobre um crime hediondo que ocorreu novo endereço. Ao começar a investigação sobre o caso, ele nem imagina os eventos trágicos que o esperam. A incursão de Ellison a um território aterrorizante de mortes brutais e sustos incessantes é a equação de sucesso de “A Entidade”, um dos melhores filmes de terror dos últimos anos.  

Na verdade, o escritor não contou para família que a nova moradia deles foi palco dos assassinatos que pretende averiguar. A intenção de Ellison é aprofundar-se no acontecimento chocante e, através do relato escrito, resgatar a fama obtida apenas em seu primeiro livro. A investigação ganha, aos poucos, contornos cada vez mais sinistros, conforme seu envolvimento com os incidentes do passado. 

A tensão na tela é mantida alta desde o início, a partir do momento em que o protagonista encontra no sotão da casa uma caixa com filmes antigos em super 8, cujos títulos são “Passeio de família”, “Churrasco de 1973” e outros registros aparentemente inocentes. Porém, cada um dos vídeos apresenta uma situação cotidiana que termina em chacina.  

Ao logo do filme, o nervosismo só aumenta. Cenas perturbadoras se multiplicam cada vez que chega a noite e o mal desperta na casa. E os sustos não são poucos. Fazem o espectador pular da cadeira várias vezes. A revelação do mistério não é novidade, mas também não compromete. Ao menos, o “responsável” pelos crimes é realmente apavorante, assim como suas aparições. 

“A Entidade” é um filme de terror sério, de ritmo lento e intrigante. E estas podem ser consideradas suas principais virtudes. Sem um assassino que mata jovens um a um ou persegue incessantemente o mocinho, este exemplar prefere ir a fundo no cerne da trama: a investigação criminal realizada pelo protagonista. O diretor Scott Derrickson (“O Exorcismo de Emily Rose”) conduz com mão firme a narrativa e Ethan Hawke comprova como pode ser consistente na pele de qualquer personagem, inclusive no campo do horror.


Na falta de bons exemplares do gênero, “A Entidade” destaca-se na safra 2012 como um projeto eficiente, recheado de suspense e com muita tensão. Mesmo com um título ruim em português, o filme merece ser descoberto pelos adoradores do medo. “A Entidade” é tudo que se espera de boa produção de terror: é asustador, pesado, hipnótico, angustiante e perturbador. Prepara-se para não dormir tranquilo algumas noites. 

Nota: 8,1

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