Crítica: Paranorman


Misturando comédia e terror, “Paranorman” mostra-se uma animação um tanto interessante. Reúne elementos de filmes de horror – aí vale-se de algumas referências – com a comédia pastelão comum às produções infantis. Em sua estética, aposta em traços à la Tim Burton, explorando um universo sombrio que envolve espíritos, zumbis e uma bruxa malvada. Se por um lado acerta na direção artística e no argumento do roteiro, por outro, perde uma oportunidade preciosa de ser um entretenimento nerd, com apreciação também pelos adultos.

Na trama, Norman é um garoto que consegue ver e falar com fantasmas. Ele sofre bullying na escola e não tem amigos, justamente, por ser diferente dos demais. Mesmo sem ser o cara mais popular, está sempre acompanhado: em casa, pelo espírito de sua vó e, na rua, pelos diversos seres ainda presos ao plano terrestre. A aventura de Norman inicia quando seu tio – que possui o mesmo dom – o alerta sobre uma antiga maldição que será despertada naquela noite. Sem conseguir impedir que a desgraça venha à tona, o rapaz tentará salvar a cidade do retorno de mortos-vivos e do espírito de vingança de uma menina que foi considerada bruxa no passado.

O charme da produção concentra-se nas pequenas homenagens aos filmes de terror, como os créditos de abertura e de encerramento que reproduzem os filmes B do gênero. Além desse exemplo, tem-se ainda a fascinação do protagonista por filmes de zumbis, possuindo despertador, pantufas, cartazes, escova de dentes e outros objetos referentes aos monstros. O roteiro também ironiza a estupidez dos mortos-vivos em cenas divertidas. É o caso da sequência em que um personagem, prestes a ser devorado pelas criaturas, espera o salgadinho cair de um máquina automática para depois correr.

No geral, as referências ao macabro não sustentam o projeto. Ainda mais, o filme mantem um tom comedido para não assustar os espectadores menores. Não há sustos. Também fica carente de piadas inteligentes no estilo da Pixar. “Paranorman” segue a cartilha previsível de uma animação tipicamente infantil e, por isso, seu destino acaba sendo as crianças, que vão curtir a atmosfera “sinistra” e, de quebra, aprender/reforçar uma mensagem importante: deve-se sempre aceitar as diferenças. O resgate à trabalhosa técnica de stop-montion acrescenta uma graciosidade extra ao projeto.

Nota: 6

0 comentários:

Postar um comentário