Um Método Perigoso


Dois dos principais mestres da ciência moderna foram amigos durante anos, parceiros em longas discussões teóricas, inclusive trocando confidências íntimas a fim de contribuir com seus estudos. Esse diálogo se rompe quando uma paciente tratada por ambos coloca tudo a perder. Mostrar essa curiosa relação e principalmente o marco da rivalidade entre Jung e Freud é o trunfo do novo filme do diretor David Cronenberg, “Um Método Perigoso”. O longa-metragem coloca três astros do cinema atual em um jogo de desejo e manipulação que acabou definindo os rumos da psicanálise.

Para interpretar os gigantes da mente humana, Michael Fassbender, ator sensação de uma das melhores safras de 2011 ("Jane Eyre", "X-Men: Primeira Classe", "Shame"), e Viggo Mortensen, fetiche do diretor desde "Marcas da Violência" e "Senhores do Crime", interpretam respectivamente Jung e Freud. A reunião deles ocorre no momento em que o primeiro está iniciando seu projeto de “cura através de conversas” e o segundo está começando a ganhar notoriedade internacional. A empatia entre ambos é imediata. A primeira conversa dura nada menos que 13 horas.

Surgem, então, as divergências. Freud defende que toda neurose é exclusivamente de origem sexual, enquanto Jung acredita que a sexualidade é apenas um dos motivos a ser considerado. Essa oposição fará futuramente que um desenvolva a psicanálise e o outro a psicologia analítica. Até lá, Jung será testado em resistir, primeiramente, aos conselhos do perigoso paciente Otto Gross, interpretado pelo francês Vicent Cassel, que condena a monogamia, afirmando que não se deve negar aos instintos básicos do ser humano. E depois, em um segundo momento, quando subumbe aos encantos de Sabina Spielrein (Kiera Knightley), uma paciente viciada em humilhações, através da qual o psiquiatra precisará avaliar sua ética profissional e moralidade social.

O Freud descrito pelo roteiro é um ser manipulador, que brinca com Jung enquanto este lhe é útil. Fica subentendido que o médico enviou propositadamente o paciente Otto para provocar Jung. Na busca para provar que está com a razão, Freud levará o "amigo" a corromper todos seus valores. No meio deste jogo, Sabina destaca-se por receber tratamento inicialmente de Jung e depois de Freud, contribuindo para o rompimento da relação entre ambos.

Concentrando todas essa nuances, Cronenberg realiza um filme no formato clássico, linear e sem riscos - diferente dos violentos "Marca da Violência" e "Senhores do Crime" ou dos complexos "Existenz" e "Spider - Desafie Sua Mente". O roteiro do dramaturgo inglês Christopher Hampton, o mesmo de "Ligações Perigosas", contribui ao adicionar tensão sexual em cada cena. Porém, tanto falatório sobre sexo não acaba se concretizando visualmente. Prefere deixar na sugestão, que, por sinal, resulta em uma boa escolha.

"Um Método Perigoso" traça um rápido perfil sobre Jung e Freud, deixando registrado os encontros e a separação da dupla. O papel de Kiera muitas vezes rouba a cena, mas sua interpretação exagerada beira o artificial. Já Fassbender e Mortensen demonstram confiança em seus personagens e fazem valer a reunião esses dois grandes nomes da Psicologia.

Nota: 7,9

1 comentários:

Marcos disse...

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