Solteiros com Filhos


Maturidade no cinema sempre é bem-vinda. “Solteiros com Filhos” destaca-se por ser um entretenimento sincero sobre os relacionamentos modernos. Discute o sexo entre recém-casados, sexo entre pais e sexo entre amigos. Três estágios diferentes da vida que são experienciados pelos casais que formam o mesmo grupo de amigos. Na faixa dos 30 e poucos anos, esses homens e mulheres servem de espelho para o que significa a vida adulta e como a presença de um filho pode interferir na felicidade e no amor que sentem um pelo outro.

Um time de astros em ascensão - a maioria oriunda do sucesso “Missão Madrinha de Casamento” -, compõem esse quadro de pura análise comportamental. O casal Leslie (Maya Rudolph) e Alex (Chris O´Dowd) deixaram os filhos tomarem conta e estão sempre esgotados. Já Missy (Kristen Wiig) e Ben (Jon Hamm) substituem o desejo sexual pelas provocações mútuas quando o primeiro filho surge no pedaço. Ao observar esses dois relacionamentos, os amigos Julie (Jennifer Westfeldt) e Jason (Adam Scott) decidem burlar as chatices advindas do casamento e ter uma criança, mesmo sem formarem um casal.

Apesar de possuir boas cenas cômicas, o que nutre “Solteiros com Filhos” é o drama. O roteiro formado por diálogos afiados e o elenco extremamente carismático contribuem para formar um filme agradável e comovente. O ápice é a tensa sequência de discussão entre Jason e Ben durante as férias em grupo. Verdades são ditas sem pudores e mostram as reais intenções do projeto. Quem se sobressai praticamente todo tempo é Jennifer Westfeldt (“Beijando Jessica Stein”), encatadora como a protagonista, que ainda assina como roteirista e diretora do filme.

O excelente longa-metragem tem apenas um deslize: os 20 minutos finais. O encerramento aposta em clichês típicos de comédia romântica e estraga o que poderia ser um projeto mais verdadeiro e ousado. Ao mudar de rumo, transmite um recado que desde o início parece ser contra. Se investisse mais na linha dramática, poderia arrancar algumas indicações a prêmios, como foi o caso de “Minhas Mães e Meus Pais”, que concorreu ao Globo de Ouro e ao Oscar.

Ainda assim, “Solteiros com Filhos” não perde sua força. É uma deliciosa e inteligente comédia dramática que provoca questionamentos interessantes para além das dúvidas sobre paternidade. Vale também por trazer bons (e novos) atores da comédia americana em papéis mais humanos.

Nota: 7,9

0 comentários:

Postar um comentário