Crítica: Rock of Ages


"Rock of Ages" é um guilty pleasure (misto de prazer com culpa). O musical da Broadway que ganhou versão cinematográfica dirigida por Adam Shankman ("Hairspray") possui diálogos ruins, trama clichê, ritmo irregular e atuações artificiais. Porém, por outro lado, as cenas são contagiantes, as músicas deliciosas e a atmosfera dos anos 80 é visualmente encatadora. Apesar dos problemas, o filme é um prato cheio para quem gosta de musicais – e, principalmente, para quem curte o som das guitarras.

Considerado um jukebox musical, "Rock of Ages" utiliza canções populares previamente lançadas para contar sua história. As mais de 25 faixas que integram os números coreografados são conhecidas do público: sucessos de Dep Leppard, Bon Jovi, Foreigner, Journey, Poison, Twisted Sister e outros clássicos do rock da década de 1980. A produção ousa e promove mashups interessantes, oferecendo maior dinamismo e um ar contemporâneo para o projeto.

O filme acompanha dois jovens sonhadores, Sherrie (Julianne Hough) e Drew (Diego Boneta), que tentam a carreira musical em Los Angeles. Os dois se conhecem na Sunset Strip e acabam trabalhando juntos no bar do rock, o famoso The Bourbon Room, administrado por Dennis Dupree (Alec Baldwin). A casa se prepara para receber o último show do astro Stacee Jaxx (Tom Cruise), antes de deixar a banda Arsenal e trilhar carreira solo. No papel de vilã, a carola Patricia Whitmore (Catherine Zeta-Jones) é a esposa do prefeito que mobiliza a cidade para banir o rock.

De todo elenco, Tom Cruise é disparado o melhor em cena. Sua caracterização como Stacee Jaxx é incrível, uma mistura de Bon Jovi com Axel Rose. Quando está no palco, o artista brilha em suas performances musicais, evocando "Wanted Dead or Alive" e "Pour Some Sugar on Me". Catherine também está admirável, vide o show que oferece em "Hit Me With Your Best Shot", mas não tão fenomenal como esteve em outro musical, "Chicago". Enquanto isso, o lindo casal protagonista (Hough e Boneta) esforça-se para convencer e sustentar o desenrolar bobo de seus personagens, mas tudo soa pouco natural. Já o restante dos atores parece divertir-se com o clima alegre de danças e cantorias.

"Rock of Ages" é uma grande brincadeira. Não se leva a sério em nenhum instante, promovendo piadas constantemente - a principal delas vem de Dupree e seu “ajudante” Lonnie (Russell Brand). O projeto tem sua força no poder das músicas e no carisma dos astros. Divide com "Nine" um resultado semelhante: os dois são cheios de equívocos, mas ao mesmo tempo, maravilhosos. As duas horas de duração chegam ao final deixando a sensação de que poderiam ser mais enxutas. Porém, o filme é um musical delicioso de assistir, independente que não tenha profundidade ou carga dramática intensa. O alvo de "Rock of Ages" é registrar as aspirações de uma geração, com som e imagens pulsantes.

Nota: 7,8

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