Uma Vida Melhor



Vida de imigrante nos Estados Unidos já foi abordada por inúmeros filmes. O que “Uma Vida Melhor” propõe é um olhar sincero sobre essas pessoas que apostam todas suas fichas em uma chance que pode ou não dar certo. Damien Bichir é a alma do projeto como o pai mexicano que busca oportunidades para seu filho adolescente no país vizinho.

A produção de Chris Weitz (de "O Grande Garoto", "Bússola de Ouro", "Lua Nova") é sobre um homem latino de 40 e poucos anos que trabalha como jardineiro nas casas dos ricos de Los Angeles. Ganhando uma mixaria por inúmeras horas de trabalho, ele leva os dias desgastado pela dura rotina. Tudo isso para oferecer condições de que seu filho (José Julián) consiga ir ao colégio e obtenha melhores perspectivas de futuro. Sua possibilidade de mudar de vida vem com a compra de uma caminhonete, transformando-o em um profissional autônomo.

"Uma Vida Melhor" pode ser dividido em dois momentos: o drama inicial sobre o imigrante no país estrangeiro, explorando contrastes sociais e como a terra dos sonhos pode ser cruel, e o thriller que aproxima pai e filho na tentativa de recuperar algo roubado, com cenas de ação alternadas com ternura. Essa mudança na narrativa vem na hora exata. Quando espera-se que o filme se arraste pelos clichês do gênero, injeta-se um gás que o mantém interesse até o final.

A concepção do projeto é simples, mas ganha o espectador com o retrato sensível sobre a figura desse intruso em um lugar que não lhe pertence, potencializado com a relação construída entre os personagens de Bichir e Julián. São momentos delicados como o de uma música conhecida pelos dois ou quando conversam em tom de despedida, já perto do final, que comprovam a sintonia em cena, além de uma emoção genuína.

O principal responsável por essa carga emotiva é Damien Bichir, ator mexicano pouco conhecido que anteriormente só havia obtido destaque na série de televisão “Weeds” e como Fidel Castro nos filmes “Che” e “Che: A Guerrilha”. Sua indicação ao Oscar surpreendeu a todos, tirando a vaga dos cotados Ryan Gosling (“Drive”), Leonardo DiCaprio (“J. Edgar”) e Michael Fassbender (“Shame”). A representação de Bichir é tão poderosa que através de apenas um olhar ele transmite todo desespero de um homem em seu limite. É o papel de sua vida e certamente uma das melhores atuações de 2011.

Nota: 8


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