O Amor Acontece


Existe uma teoria de que a primeira frase de um livro ou filme define a obra. Pensando nessa linha de raciocínio, a primeira frase de “O Amor Acontece” traduz bem a sua experiência como entretenimento: “quando a vida te dá limões, você pode ficar chateado ou fazer uma limonada”. Não a interprete no sentido de tentar tirar algum proveito da sessão. A questão é que essa frase é tão batida e simplória que representa com exatidão o conteúdo do filme.

Aaron Eckhart interpreta um homem que perdeu a esposa em um acidente de carro e, para amenizar a sua dor, decidiu escrever um livro sobre o assunto. Ao contrário do que planejava, seu livro se torna um best-seller e ele começa a dar palestras motivacionais. Em um desses encontros, ele conhece a personagem de Jennifer Aniston, uma florista independente à procura de um novo amor.

O filme leva quase duas horas para chegar na cena que exemplifica justamente o que o título diz. Não é óbvio? O problema é que no caminho somos obrigados a aturar as insuportáveis palestras de superação dadas pelo personagem masculino e o seu trauma com a morte da esposa. Ainda pior são os conflitos sem sentimentos, os diálogos pobres, o romance sem química e alguns momentos forçados de emoção. Assim, é fácil certificar que, ao menos, “a diversão do espectador não acontece”.

Nota: 3

A Trilha


A busca por um desfecho surpreendente acaba sendo responsável por roteiros que traem seus elementos fundamentais e terminam gerando algumas aberrações cinematográficas. No caso de “A Trilha”, o filme não chega ao ponto de ser um espetáculo bizarro, mas está longe de ser decente.

Aparentemente é um filme comum: casal de turistas aproveita sua lua de mel em Honolulu justamente no período que uma onda de crimes anda acontecendo na região. O jogo inverte próximo do final com uma tradicional reviravolta. O que deveria “pegar” o espectador de surpresa realmente o faz, porque não dá para acreditar no rumo que a história toma.

O diretor David Twohy investe em belas imagens do Hawaii (ponto positivo) e cria cenas de ação que não funcionam ao realizá-las com cortes rápidos e divisão da tela em vários quadros (ponto negativo). O elenco levemente conhecido (Milla Jovovich e Timothy Olympat) embarca na “aventura” com gosto. O desperdício é assistir o ótimo Steve Zahn envolvido na produção.

Nota: 4

Educação


Nick Horny é escritor inglês cuja principal influência é a cultura pop e o humor sarcástico. Suas obras literárias mais conhecidas são: “Alta Fidelidade” e “Um Grande Garoto”, ambas adaptadas para o cinema. “Educação” é o seu primeiro texto escrito especialmente para o cinema.

No subúrbio londrino de 1960 vive Jenny, uma garota reprimida pelos pais e educada desde criança para dedicar-se exclusivamente aos estudos e, assim, ser aceita na Universidade de Oxford. Os planos fogem do controle quando o sedutor David lhe dá uma simples carona de carro e, aos poucos, ele passa a mostrar uma vida boêmia com idas a restaurantes, concertos musicais, “nightclubs” e viagens ao exterior.

O roteiro oferece um caso específico para conversar sobre a formação dos adolescentes e a importante influência daqueles que os cercam. A diretora Lone Scherfig acompanha sua protagonista com segurança e consegue boas atuações do elenco. Pode faltar as principais características do autor (referências pop e ironia) – o que é uma pena - mas “Educação” segue sendo um bom e interessante entretenimento.

Nota: 7,5

Adam


Adam é portador da Síndrome de Asperger, uma doença semelhante ao autismo que pode causar dificuldade na interação social, falta de empatia, interpretação literal das coisas, e outros sintomas. Após perder o pai, ele se vê desamparado, sem alguém para ajudá-lo nas atividades diárias. Essa carência é preenchida com a presença de uma jovem e simpática vizinha que recentemente mudou-se para o prédio.

Apesar de abordar um tema interessante e pouco conhecido, o filme não discute a situação de Adam com a doença. O espectador testemunha apenas a representação de uma pessoa com dificuldades de se comunicar e termina não sabendo muito além disso. Adam está na frente da câmera, mas é difícil entender o que se passa com ele. A produção não aprofunda o assunto e deixa o motivo central do projeto esvair-se para camadas mais superficiais, direcionando o foco nos olhares vazios de Hugh Dancy (esforçando-se por prêmios) e na tentativa de romance do seu personagem.

O roteiro é tão pouco inspirado que cria tramas secundárias envolvendo os pais da namorada para aumentar a duração e gerar mais conflitos na trama. O conjunto desses elementos é tão insosso, que “Adam” não desperta sentimentos fortes, apenas indiferença.

Nota: 5,0